Elegância 2
A massa segue, a passos lentos, mas sem parar. Segue.
Segue comendo, amando, lendo, comprando, roubando, varrendo, trepando, numa boiada, homem-massa como bem conceituou Ortega y Gasset. Multidão.
Mas quem tem coragem de se sobressair nesta vida de gado?
Às vezes, a maneira mais simples parece ser a mais efetiva, a simples elegância de dizer-se assim como se está e como se pode ser, até ser outro de novo. Sobressair-se sem perceber.
Por isso, admiro os que se dizem, “assumindo” alguma coisa ou alguma situação, sem perfeição, com medo, com força:
“- É, levei uma topada mesmo, e doeu!”;
“- Não, isso nada tem a ver com a blusa, engordei de fato!”
“- Menti naquela hora!”
“-Não quero nem transitar pelo terreno do “e se não fosse”. Como dizem os médicos, trata-se de uma leucemia branda. Esta é a referência agora. Namastê.”
Nesse exato momento, eles se tornam potência a nos contaminar com a sensibilidade do saber-se frágil. Deixam de ser multidão, saem do nivelamento vulgar das qualidades humanas para se destacarem na elegância da vida.
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